Habilidades Sociais e a Geração Z: O Que Ficou Para Trás e Como Resgatar

Geração Z
Habilidades Sociais e a Geração Z O Que Ficou Para Trás e Como Resgatar

O Impacto da Pandemia na Formação Profissional

A pandemia de COVID-19 transformou profundamente o mundo do trabalho e a forma como nos relacionamos. Para a Geração Z — nascidos entre 1997 e 2012 — esse impacto foi ainda mais profundo, pois muitos ingressaram no mercado durante um período de distanciamento físico, ensino remoto e interações sociais reduzidas.

O isolamento prolongado comprometeu o desenvolvimento de habilidades interpessoais essenciais, conhecidas como soft skills: comunicação eficaz, empatia, linguagem corporal, escuta ativa e etiqueta profissional. Tais competências são cruciais para o sucesso em ambientes corporativos, especialmente em um mercado cada vez mais colaborativo e multicultural.

O Que Aconteceu: As Causas da Lacuna

Educação e Socialização Interrompidas

Durante os anos críticos de formação, muitos jovens da Geração Z:

  • Tiveram aulas virtuais com pouca interação direta com professores e colegas.
  • Perderam oportunidades de estágios e empregos presenciais iniciais.
  • Deixaram de observar microcomportamentos profissionais, como interações em reuniões, cumprimentos ou dinâmicas de liderança.

Fatores Familiares e Culturais

  • Jantares em família, encontros sociais e rituais presenciais diminuíram, reduzindo a prática de habilidades sociais em contextos informais.
  • A digitalização precoce reforçou formas de comunicação mais breves, como mensagens curtas e emojis, o que limita o desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal.

Declínio no Ensino de Etiqueta Profissional

Com o foco crescente em competências técnicas e digitais, escolas e universidades muitas vezes negligenciaram a preparação dos alunos para o convívio profissional presencial, incluindo tópicos como apresentação pessoal, linguagem apropriada e comportamento em reuniões.

O Que Especialistas Dizem

“Faltam habilidades de comunicação e relacionamento”, afirma Julie Blais Comeau, especialista em etiqueta corporativa.

“Eles cresceram online, onde a comunicação casual era a norma. Agora, muitos têm dificuldade em se adaptar a um ambiente mais formal”, destaca Ashley Kelly, especialista em inclusão no trabalho.

Essas observações refletem uma preocupação crescente entre recrutadores e líderes de equipe. Embora a Geração Z seja altamente qualificada tecnicamente, muitas vezes falta-lhes experiência prática em ambientes de trabalho presenciais e multiculturais.

Potencial e Disposição para Aprender

Apesar das deficiências, a Geração Z não é resistente ao aprendizado. Pelo contrário:

  • Buscam feedback constante e apreciação por orientação clara.
  • Demonstram interesse em programas de mentoria e desenvolvimento pessoal.
  • Valorizam autenticidade, diversidade e propósito, o que pode ser canalizado em habilidades de empatia, colaboração e comunicação inclusiva.

Susy Fossati, diretora da Avignon Etiquette, afirma que a etiqueta deve ser vista não como um conjunto de regras engessadas, mas como uma ferramenta de conexão, confiança e pertencimento em ambientes multigeracionais.

Como Resgatar e Desenvolver Habilidades Sociais na Geração Z

1. Treinamentos Corporativos em Soft Skills

Empresas podem promover workshops práticos sobre:

  • Comunicação interpessoal e escrita profissional.
  • Dinâmicas de escuta ativa e feedback construtivo.
  • Etiqueta em ambientes híbridos (e-mails, reuniões online, dress code, etc).

2. Programas de Mentoria Intergeracional

  • Conectar jovens profissionais com mentores mais experientes ajuda a transmitir cultura organizacional e normas de convivência.
  • Estimula trocas de valor: os jovens compartilham sua fluência digital e os mais experientes, sua inteligência emocional.

3. Simulações e Role-Playing

  • Prática guiada de interações comuns, como entrevistas, apresentações e reuniões.
  • Feedback em tempo real para ajustar tom de voz, postura e linguagem corporal.

4. Incentivo a Interações Presenciais e Networking

  • Criação de eventos internos, cafés corporativos e espaços de convivência.
  • Participação em grupos externos, como associações de classe, meetups e coworkings.

5. Reforço Acadêmico

  • Instituições de ensino devem reintegrar no currículo matérias e oficinas que abordem habilidades socioemocionais e de comunicação para o mercado de trabalho.

Dados e Tendências Relevantes

  • Um estudo da McKinsey & Company (2023) mostrou que 67% dos líderes de RH consideram a falta de soft skills um dos maiores desafios para a integração da Geração Z.
  • Segundo o World Economic Forum, habilidades interpessoais como “liderança e influência social” e “inteligência emocional” estão entre as 10 competências mais relevantes até 2025.

Conclusão: Um Caminho de Reaprendizado e Evolução

A lacuna nas habilidades sociais da Geração Z não é culpa da geração, mas sim das circunstâncias sem precedentes impostas pela pandemia. Com orientação adequada, ferramentas práticas e espaços para aprendizado contínuo, esses jovens têm tudo para se tornarem profissionais completos: tecnicamente competentes e socialmente preparados.

Resgatar e cultivar essas habilidades não é apenas uma questão de empregabilidade, mas de bem-estar, integração e realização pessoal. O futuro do trabalho será cada vez mais humano — e a Geração Z pode ser protagonista dessa mudança.

Com informações de CTV News.

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