Tsundoku, termo japonês que descreve o hábito de comprar livros e deixá-los empilhados sem lê-los, é mais do que uma prática cultural: é um comportamento humano que reflete curiosidade, aspirações intelectuais e, por vezes, desafios de organização e tempo. Derivado de tsumu (acumular) e doku (leitura), o tsundoku combina paixão por livros com a procrastinação da leitura, um fenômeno comum entre leitores no Brasil e no mundo. Este artigo explora o tsundoku como um comportamento, seus gatilhos psicológicos, benefícios, desafios e como ele se manifesta no contexto brasileiro em 2025, com estratégias para transformá-lo em uma prática produtiva.
Tsundoku como Comportamento
Tsundoku é um comportamento complexo, enraizado na psicologia do consumo, na busca por conhecimento e na relação emocional com objetos culturais como os livros. Não se trata apenas de acumular por acumular, mas de um ato intencional que reflete o desejo de aprender, mesmo que adiado. No Brasil, onde a leitura enfrenta barreiras como tempo, custo e acesso, o tsundoku é um reflexo tanto da paixão pela leitura quanto das pressões do cotidiano.
Gatilhos Psicológicos do Tsundoku
- Curiosidade intelectual: Comprar livros é uma forma de alimentar a vontade de explorar novos temas, desde literatura até ciência.
- Apego emocional: Livros representam sonhos e aspirações, como aprender um idioma ou entender filosofia, criando uma conexão emocional.
- Prazer estético: A visão de uma pilha ou estante de livros é reconfortante, como apontado por um estudo da Journal of Environmental Psychology (2023), que associa ambientes com livros a menor estresse.
- Otimismo futuro: Segundo a Journal of Consumer Behavior (2024), acumular livros reflete a crença de que haverá tempo para lê-los, um traço de otimismo.
- Influência social: Feiras literárias, como a Bienal do Livro, e redes sociais, como o X, incentivam compras impulsivas com promoções e posts de estantes.
Por que o Tsundoku é Comum?
O tsundoku surge da tensão entre o desejo de aprender e as limitações práticas:
- Falta de tempo: Brasileiros leem, em média, 2,4 livros por ano, segundo a pesquisa Retratos da Leitura (2023), devido a rotinas intensas.
- Acesso e custo: Livros novos custam, em média, R$ 50 (Câmara Brasileira do Livro, 2024), o que leva a compras impulsivas em promoções.
- Cultura de consumo: A popularidade de livrarias como Cultura e Amazon estimula a aquisição de livros como símbolo de status intelectual.
Benefícios do Comportamento Tsundoku
Apesar de ser visto como um hábito de procrastinação, o tsundoku oferece benefícios psicológicos e sociais:
- Estimula a curiosidade
- Cada livro comprado é uma promessa de aprendizado, mantendo a mente aberta a novas ideias.
- Reduz o estresse
- Estar cercado de livros cria um ambiente acolhedor, reduzindo a ansiedade em 20%, conforme a University of Sussex (2023).
- Flexibilidade intelectual
- Uma pilha diversa permite escolher leituras conforme o humor, promovendo liberdade criativa.
- Identidade cultural
- No Brasil, onde a leitura é associada à educação e status, o tsundoku reforça a imagem de uma pessoa culta e curiosa.
- Conexão social
- Compartilhar fotos de pilhas de tsundoku no X ou discutir livros em eventos como a FLIP fortalece laços entre leitores.
Desafios do Tsundoku
O comportamento também apresenta obstáculos, especialmente no contexto brasileiro:
- Culpa e sobrecarga
- Ver livros não lidos pode gerar ansiedade ou sentimento de fracasso, especialmente para leitores perfeccionistas.
- Custo financeiro
- O preço elevado de livros no Brasil torna o tsundoku um hábito caro, limitando o acesso em comunidades de baixa renda.
- Espaço limitado
- Em apartamentos pequenos de cidades como São Paulo e Rio, acumular livros pode ser um desafio logístico.
- Procrastinação
- A falta de disciplina para ler pode transformar o tsundoku em um ciclo de compras sem aprendizado efetivo.
Tsundoku no Contexto Brasileiro
No Brasil, o tsundoku é um comportamento comum entre leitores urbanos, estudantes e profissionais que frequentam livrarias, sebos e feiras literárias. Em 2025, com o aumento do acesso a e-books via plataformas como Kindle e Kobo, o tsundoku digital (acumular livros eletrônicos não lidos) também cresce. A influência da cultura japonesa, amplificada por animes e mangás, torna o termo familiar entre jovens, que o usam com humor em postagens no X, como “minha pilha de tsundoku é maior que minha força de vontade”.
Manifestações Locais
- Feiras e eventos: A Bienal do Livro (Rio e SP) e a FLIP (Paraty) incentivam compras impulsivas, com promoções que atraem leitores.
- Sebos e bibliotecas: Locais como o Sebo do Messias (SP) oferecem livros acessíveis, alimentando o tsundoku com obras baratas.
- Cultura urbana: Em cidades como Recife e Porto Alegre, estantes de livros são um símbolo de status em cafés e coworkings.
- Comunidades periféricas: Iniciativas como bibliotecas comunitárias, apoiadas por programas como o Ler é Bom (SP), democratizam o acesso, mas o tsundoku ainda é menos comum devido a barreiras financeiras.
Como Gerenciar o Tsundoku de Forma Produtiva
Para transformar o tsundoku em um comportamento positivo, siga estas estratégias adaptadas ao Brasil:
- Organize sua pilha
- Classifique os livros por prioridade (ex.: “ler em 1 mês” ou “ler em 6 meses”) e use prateleiras ou caixas decorativas.
- Dica: Crie uma lista no celular com 3-5 livros prioritários.
- Defina metas realistas
- Reserve 15 minutos diários para leitura, como no ônibus ou antes de dormir.
- Dica: Participe de clubes de leitura, como os do Sesc Brasil, para se motivar.
- Integre à rotina
- Leia em momentos ociosos, como filas ou intervalos, comuns no dia a dia brasileiro.
- Dica: Use e-books em apps como Kindle para leitura em trânsito.
- Doe ou troque livros
- Doe livros não lidos para bibliotecas comunitárias ou troque em feiras, como as do Sesc São Paulo.
- Dica: Visite eventos de troca de livros em sua cidade.
- Compre com intenção
- Antes de comprar, pergunte: “Vou ler isso em breve?” Prefira sebos ou bibliotecas para reduzir custos.
- Dica: Aproveite promoções da Amazon ou Saraiva, mas limite-se a 1-2 livros por vez.
- Abrace o tsundoku
- Veja a pilha como um reflexo de sua curiosidade, não uma falha. Celebre o prazer de ter livros à espera.
- Dica: Tire fotos da sua pilha e compartilhe no X com a hashtag #TsundokuBrasil.
Exemplos no Brasil
- Clara, estudante em São Paulo: Comprou 8 livros na Bienal de 2024, mas só leu 2. Ela organiza sua pilha por temas e lê trechos para se inspirar.
- Lucas, advogado em Recife: Usa o tsundoku como motivação, mantendo livros de direito e ficção na mesa para lembrar seus objetivos.
- Fernanda, designer em Florianópolis: Transformou sua pilha de tsundoku em decoração, com livros coloridos que inspiram seu trabalho criativo.
Conclusão
O tsundoku é um comportamento que reflete a paixão por livros, a curiosidade intelectual e as complexidades da vida moderna. No Brasil, onde a leitura é um ato de resistência cultural em meio a desafios como tempo e custo, o tsundoku é tanto um reflexo do desejo de aprender quanto das barreiras do cotidiano. Com estratégias como organização, metas realistas e trocas de livros, é possível transformar esse hábito em uma prática enriquecedora. Em 2025, abrace seu tsundoku, celebre sua pilha de livros e deixe que ela inspire sua jornada de autodescoberta!
Com informações de The Guardian.